Esta semana as fronteiras do futebol europeu ganham contornos estranhos.
A França parece sair do mapa e a Alemanha passa a disputar a sua fronteira com a Espanha em duas grandes batalhas: a batalha de Dortmund (vs. Real Madrid) e a batalha de Madrid (Atlético vs. Bayern Munique).Para além disso, o Braga vai a Donetsk tornando a disputa de fronteiras ainda mais estranha: na Liga Europa, o representante de Portugal, país mais ocidental do continente, vai à Ucrânia, país mais oriental (remetendo a Rússia para a Ásia, para agradar aos ucranianos).
Last but not least, há também um grande clássico do futebol inglês, mas na divisão secundária e liderados por um grande contingente de portugueses. O Blackburn vs. Sheffield Wednesday. Neste caso, desafiam-se só as fronteiras da compreensão.
Dortmund — Real Madrid (terça 27, 19h45)
Em semana de duelos Espanha-Alemanha na UCL, Dortmund e Real abrem com o embate com mais histórico europeu dos três, com o score total em 4–3 para o Real (com 3 empates pelo meio). A curiosidade é que os merengues nunca ganharam no Westfalenstadion. Se os alemães parecem mais prolíficos que nunca, marcando 20 golos em 4 jogos nos últimos 15 dias, os blancos vêm de um arranque titubeante (o empate nas Canárias é só mais um passo em falso) em que os resultados são bem melhores que as exibições. Sem o peso dos últimos encontros a eliminar entre estes conjuntos, ambos vão querer começar já a trabalhar para evitar outros “tubarões” nos oitavos-de-final. Isto assumindo que, de acordo com as previsões das casas de apostas, conseguem deixar o Sporting para trás na fase de grupos.
Atlético de Madrid — Bayern (quarta 28, 19h45)
Na reedição da meia-final da época passada, colchoneros e bávaros voltam a encontrar-se no Vicente Calderón, agora para a fase de grupos. Se o Atletico do Diego é uma equipa já sem segredos (e mesmo assim sempre difícil de bater), o novo Bayern do Carlo, apenas com vitórias em jogos oficiais, já está a começar a levantar muitas sobrancelhas Europa fora. O peso de ambos os clubes nos últimos anos da UEFA já era suficiente para tornar este jogo no mais atractivo da jornada europeia, mas o transportar do duelo Ancelotti-Simeone (4V-4E-5D para o italiano), e aquela espinha que ficou atravessada em 2015, só vêm adicionar motivos para estarmos colados a este jogo na próxima quarta-feira.
Shakhtar — Braga (quinta 29, 18h00)
Jogo grande em Donetsk, no reencontro de Paulo Fonseca com os seus antigos pupilos e, após o empate caseiro com o Gent, já revestido de alguma importância para os arsenalistas. Os bracarenses têm a vantagem de saberem exactamente como joga a outra equipa, os espaços que ocupa e os que procura. Do outro lado, Paulo conhece os jogadores, as suas tendências, a música que gostam de ouvir e qual o verdadeiro peso do Alan. Ainda à procura de outro sabor que não o da derrota contra os ucranianos (4 derrotas em 4 jogos, sempre com Mircea Lucescu à frente dos “mineiros”), vamos ver que música tocam Peseiro e os seus meninos na Ucrânia.
Blackburn — Sheffield Wednesday (terça 27, 19h45)
Dois clássicos do futebol inglês, agora no patamar abaixo da Premier League. Além do contingente “português” (Lucas João, Sasso, Sougou, etc.), Carvalhal conta ainda com o star power necessário para o bico-de-obra que é o Championship, com destaque para Forestieri, mezzapunta italiano que há 5 anos espalha a sua magia por terras de Sua Majestade, e Fletcher, o típico striker britânico com pedigree de Premier League (mais de 50 golos conta como pedigree). O Blackburn tem uma abordagem mais clássica, apostando na prata da casa e em alguns empréstimos vindos do top flight. Longe vão os dias de Shearer, Le Saux, Carlton Palmer e Chris Waddle (a melhor mullet dos anos ‘80), mas este clássico do século passado tem motivos de sobra para nos tornar em “Inácios” por uma noite. Nem que seja para ouvir a canção do Carlos:
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